#Resenhando2 : Epístola a Diogneto
Obra: Epístola a Diogneto
Autor: Desconhecido
A Epístola a Diogneto foi escrita aproximadamente no ano 120 d.C., mas
há controvérsias sobre esta data e alguns estudiosos dizem que pelas evidências
textuais e pela linguagem esta carta pertence ao final do segundo século. O
autor e o destinatário são gregos, porém desconhecidos, o autor é um cristão joanino que não usa o termo
"Jesus" e nem a palavra "Cristo", preferindo o uso de
"O Verbo". De acordo com os últimos estudos o destinatário mais
provável seria o imperador Adriano, que exercia a função de arconte em Atenas
desde 112 d.C.
A Epístola a Diogneto trata de um testemunho de um cristão anônimo,
como acima citado, respondendo a Diogneto, um pagão culto que desejava conhecer
melhor a nova religião, visto que esta surgia revolucionando os valores
conhecidos e se espalhava com tanta rapidez pelas províncias do Império Romano.
Ele estava impressionado com a maneira
como os cristãos desprezavam os deuses pagãos e testemunhavam o Amor que tinham
uns para com os outros e por isso queria saber: que Deus era aquele em que
confiavam e que gênero de culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e
por que razões apareceram na história tão tarde. Para responder a estas e outras
questões de igual importância que nasceu esta jóia da literatura cristã
primitiva, o escrito que conhecemos como Epístola a Diogneto.
É bem provável que esta epístola seja o exemplar mais antigo de
apologética cristã, ou seja, que contém textos defendendo o Cristianismo de
seus acusadores.
A Epístola a Diogneto contém doze capítulos.
No capítulo I, o autor explica o motivo da Epístola e elogia o
destinatário pelo interesse de aprender a religião dos cristãos e por sua
saudável curiosidade em saber estes viviam e prestavam seu culto. Ele ainda
pede para que Deus o dirija na produção desta para que o destinatário possa ler
e ser de alguma forma abençoado e para que o próprio redator da carta se sinta
satisfeito com a produção desta.
O capítulo II desta epístola é dedicado à refutação da idolatria, e
repetindo tudo aquilo que podemos ler nos profetas, como Isaías e Jeremias, o
autor conclui que os cristãos têm vários motivos para não se submeterem a esses
deuses fabricados por mãos humanas com material corruptível.
Nos capítulo III e IV, o autor refuta o culto judaico e todo ritualismo
dos judeus afirmando que embora os judeus estejam corretos no combate à
idolatria e na adoração do único Deus, eles estavam prestando erradamente um
culto semelhante ao prestado por pagãos com sacrifícios com sangue, gordura e
holocaustos, proibições, superstições sobre o sábado e fingimentos nos jejuns .
Sabemos que a obediência é melhor que o sacrifício, e isso sim agrada a Deus, o
rito judaico, todas essas cerimônias foram prefigurações do Messias e seu
sacrifício, vivemos uma nova Aliança, o Cristo já veio e voltará para
estabelecer o seu Reino. O autor vê uma
inutilidade no culto judaico já nos primeiros séculos da Era Cristã e afirma
que os cristãos estão certos em se abster da vaidade, do engano, das
complicadas observâncias e das vanglórias dos judeus.
O capítulo V trata dos mistérios dos cristãos que aguçavam a curiosidade
e deixavam a muitos perplexos e inconformados por este grupo estar no mundo,
mas não viver como todo mundo. O modo de vida do cristão intrigava a todos e
mesmo que só fizessem o bem sempre foram perseguidos, porém nunca pagavam com
mal. Pelos judeus os cristãos foram combatidos como estrangeiros, pelos gregos
foram perseguidos e todos aqueles que declararam seu ódio por aqueles que
seguiam ao Cristo não sabiam declarar ao certo o motivo de seu ódio.
No capítulo VI, o autor afirma que assim como a alma estava espalhada
pelo corpo, os cristãos estavam espalhados pelo mundo e assim como alma é
maltratada com os desejos da carne e mesmo assim torna-se melhor, assim é o
cristão que mesmo maltratado por este mundo, a cada dia mais se multiplica,
pois a esperança do cristão não está na glória fajuta deste mundo e sim em
Cristo que lhes confiou uma digna missão e não convém desertar dela.
No capítulo VII, é deixado claro que a fé cristã não é invenção humana e
sim obra do Deus criador de todas as coisas, àquEle que enviou o Messias como
homem para os homens, para salvar, para persuadir e não para violentar, pois em
Deus não há violência, enviou para amar e não para julgar, mas ainda há de
enviá-lo para julgar. O autor desta epístola mostra ao destinatário que a fé
cristã não é algo sem fundamento, sem defesa, criado por homens e sim algo
forte, com uma sólida defesa, que cresce em meio as dificuldades. Mesmo sendo
os cristãos jogados as feras eles não se deixavam vencer e não negavam sua fé.
Que fé é essa senão a verdadeira? Não parece obra humana, pois não é, é obra de
Deus.
No capítulo VIII é defendido que o homem é tão miserável que é incapaz de
ver a Deus e saber quem é Ele sem que Ele mesmo se revele ao homem. O homem
chama de deus muitas coisas que o Deus verdadeiro criou e assim se engana e
vereda os caminhos da idolatria, mas em sua infinita misericórdia Deus se
revelou ao homem e através de sua Revelação máxima que é o Verbo que se fez
carne pudemos compreender coisas que nenhum de nós teria jamais esperado.
No capítulo IX, o autor afirma que Deus sempre rejeitou nossa iniquidade,
mas nos suportava. E esse tempo de iniquidade serviu para que o homem
entendesse que não por sua força ele entraria no Reino dos céus e sim pelo
poder, bondade, misericórdia e graça de Deus. Nós merecíamos o castigo, a
morte, mas Ele tomou nossos pecados, enviou seu filho para nos resgatar. A
única coisa que poderia cobrir os pecados seria a justiça, e assim fomos
justificados pelo sangue de Cristo. Assim Deus nos convenceu da nossa
impotência e nos deu o salvador.
No capítulo X afirma-se que aquEle que conhece a Deus é plenamente feliz
e se torna imitador da sua bondade, teremos compaixão do próximo e defenderemos
numa fé com afinco e com solidez de pensamento e autoridade falaremos dos
mistérios de Deus mesmo que isso nos custe a vida aqui neste mundo, pois
afinal, isso aqui é passageiro.
No capítulo XI o autor mostra ao destinatário e a todos nós que o
discípulo do Verbo quando conhece os mistérios de Deus ele deseja com toda a
sua alma e amor comunicar as mesmas coisas que foram reveladas a ele. O Verbo
assim usa o seu discípulo como porta voz do Evangelho quando Ele quer e da
maneira que Ele quer para que de forma eficaz este seja anunciado.
O capítulo XII é destinado à discussão sobre a verdadeira ciência e o
autor nos deixa um importante ensino: O conhecimento não mata já desobediência
sim. O verdadeiro conhecimento liberta o homem para viver uma verdadeira vida
espiritual e nisso Deus é glorificado.
Esta carta é considerada a “joia da literatura cristã primitiva” e
sobreviveu em dois manuscritos. Um terceiro, num códice do século XIII d.C. que incluía textos
atribuídos à Justino Mártir, se perdeu num incêndio em Estrasburgoem
1870 durante a guerra franco-prussiana. Os outros dois
são provavelmente uma cópia dele. Felizmente, ele já tinha sido publicado, a
primeira vez em 1592, quando acreditava-se que autoria era de Justino por conta
do contexto em que foi encontrada a Epístola, no códice 1.
Vimos quão maravilhosamente o cristianismo revolucionou o modo de se ver
o mundo e através desta grandiosa Epístola pudemos ver como era a vida dos
primeiros cristãos, esta carta é um dos mais antigos documentos a narrar isso.
O texto se revela, simultaneamente, como crítica do paganismo e do
judaísmo e defesa da superioridade do cristianismo.
Sobre este documento, infelizmente, não se sabe muita coisa. Elementos
importantes que ajudam a determinar e caracterizar uma obra, tais como autor,
data e local de composição, bem como o destinatário, ficam na sombra. De
qualquer maneira trata-se de um documento de primeira grandeza sobre a vida
cristã primitiva que merece ser colocado entre as obras mais brilhantes da
literatura cristã.
Se toda gente visse como estes cristãos descritos nesta Epístola, o mundo
se transformaria. Tentemos imitá-los!
A Ele, o único e verdadeiro Deus, a glória
pelos séculos. Amém.
#JuliusReformado
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